.20 de setembro de 2016

Depois da escola




Não sei ficar sem o despertador, tanto faz o tradicional ou do celular, tem que ser a música chata, aqueles toques toscos ultrapassados, se colocar um som que gosto volto a dormir mesmo que seja Linkin Park. Até no domingo preciso de horário para acordar, é um vício? Não dá pra saber, só sei que preciso daqueles minutos para pensar em tudo, do passado ao presente ao futuro, ao desconhecido.

Às vezes me flagro pensando no colégio, nas coisas que deixei passar, as conversas em que estive emocionalmente ausente, nas lágrimas inúteis que derrubei, nas pessoas com quem não deveria ter gasto meu tempo, seja uma paixão, um amor ou uma amizade. Em algum momento deixam de importar, deixam de fazer parte da construção psicológica, e definitivamente a noção de solidão aumenta de uma maneira apavorante, no entanto, se por sorte com amparo de alguém que nem sabe da história, a vida segue em frente e toma rumos que, na escola, não conseguimos enxergar quando olhamos nosso presente, talvez algum erros valham a pena.

De repente o que fica são as lembranças e questões inacabadas que provavelmente nunca vão voltar para você, ao menos não do jeito que imaginávamos que seria em nossos diários, na última folha do caderno, na carteira rabiscada várias e várias vezes.

O garoto com o violão, a garota com rosto de porcelana e modos perfeitos, o nerd timidamente engraçado, o galã quase tão lindo quanto um ator de novelas ou Hollywood, a garota perdida dos cabelos vermelhos que fala com todos, aqueles que na época acharam que foram menos afetados pelo nicho escolar e não serão lembrados por muitos.

Olho para o relógio e me espreguiço. Encosto a cabeça novamente no travesseiro só mais uns minutinhos e penso nesses dias. Penso no caos, o frio na barriga, quase sinto a sensação esmagadora de encarar mais um dia não pela primeira e acredito que nem a última vez me pergunto quando a insegurança vai embora. Quando vou deixar aquela garota de cabelos vermelhos e roupas dois números mais largas ir embora. Todos já foram, menos os pouquíssimos amigos que conseguiram manter a promessa de não se separar, tirando eles, todos já foram ou pelo menos fingem, não sei para ser aquilo que tanto desejaram ou se somente para esquecer quem, um dia, foram.

Antes de realmente levantar e encarar a vida depois da escola, um último pensamento sobre o assunto: E se eu tivesse gargalhado mais e enfiado todas as lágrimas em um buraco lamacento? E se não tivesse colado na prova de matemática? E se tivesse começado a escrever no momento em que decidi que aquele era meu muro das maravilhas? E se eu tivesse acertado o rumo na primeira tentativa? 

Não sei. Tão simples a resposta. 

Talvez se todos os e se não existissem, pois fiz tudo certo, não teria tantas questões a pensar e não teria demorado tanto para começar a fazer algo por mim. Mas também não teria passado pelos lugares que moldaram um pouco mais do que sou hoje e nem sei se teria quem me deixasse ter mais esses minutinhos antes de trazer um xícara quente com café fresquinho e pão na chapa, talvez eu nem poderia ser a mulher que pode tomar café da manhã na cama assistindo desenhos e com tantas questões importantes ou não relevantes para pensar e divagar. 


Aquela garota dos cabelos vermelho, castanho, loiro, rosa, preto, em tantas cores representando suas ideias e humor, quis sentir por muito tempo que somente em sua companhia estava melhor, poupando tanto amargor das decepções e assim foi. Até que um dia descobriu que já não estava tão contente em ficar bem sozinha e o tempo, a oportunidade e os olhos abertos de quem teve que moldar a si mesma de novo, pois assim somos, a levou a vários outros motivos para sorrir, em um caminho totalmente novo e bem vindo.



21 comentários:

  1. Tenho passado pela mesma coisa, no começo do ano foi pior, mas depois que a faculdade começou as coisas tem mudado um pouco...
    beijinhos
    guriadopudim.blogspot.com

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  2. Ola
    Belo texto. Me fez lembrar minha adolescência.
    Continue escrevendo, vc escreve bem :)
    Bjss

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  3. Oiii Thaise, como vai
    Que texto mais incrível é esse? Adorei ter tido a oportunidade de ler algo de sua autoria e creio que deveria seguir esse caminho.
    Beijinhhos

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  4. Hello! Tudo bem?
    Ai que texto lindo!
    Me peguei pensando nas coisas que vc falou e concordo tb.
    Adoro texto que mexem com a gente assim, continua a escrever por favor.
    Beijos

    Livros e SushiFacebookInstagramTwitter

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  5. Oi, Thaise
    Nossa, amei seu texto. Reflete em muitas de nós que já deixamos o colégio. Eu me sinto realmente insegura depois, e pensei: E agora, o que vou fazer?
    Mas por outro lado nunca olhei para aquele tempo me arrependendo de algo, porque acho que tudo serviu para aprender. Tem doideras que fiz naquela época que hoje não faria rs Mas não me arrependo, pois fui muito feliz.
    Bate tanta saudade, né?

    Blog Livros, vamos devorá-los

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  6. Oi, adorei o texto, me lembrou a minha infância e minha epoca de ensino médio, bateu até uma saudade, uma saudade boa, que aquece o nosso coração. O seu texto foi tocante par mi, me remeteu ao passado, a momentos alegres e divertidos, a coisas que infelizmente não voltam mais, mas é sempre bom parar e relembrar esses momentos.
    bjus

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  7. Confesso que.... Detesto despertador. Kkkkkk
    Amo dormi e dormi e dormi. Mas tambem sinto essa falta da escola e de horário para isso. Quando fiz minhas faculdades era a noite então não tinha despertador kkk.
    Amei o texto parabéns.

    Beijos

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  8. Olá, adorei o texto, no ensino médio sempre estudei a tarde, então...KKK, eu adorei meu ensino médio, foi maravilhoso e sinto falta dele, não tinha preucupações como tinha hoje, a única coisa que me fazia a cabeça era a próxima cor do meu cabelo, vermelho,azul, laranja, assim como você kkk

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  9. A grande lição disso tudo é que temos que viver cada segundo intensamente e como se fosse o último. Realmente tantas coisas, tantas pessoas e tantas oportunidades vão ficando para trás. Ainda bem que inúmeras outras vão surgindo pela frente e nunca é tarde para fazer tantas coisas que sonhamos. Texto perfeito.

    *☆* Atraentemente *☆*

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  10. Olá, tudo bem?

    Desapeguei do passado, a função dele foi me trazer até aqui e o "Olá, tudo bem?" ali do início já é passado, não me ligo nele.

    bjss

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  11. Olá!
    Que texto mais lindo, meus sinceros parabéns!
    Nossa... ele me lembrou tanto da minha adolescência, sabe aquela sensação de nostalgia?
    Parabéns de novo

    beijos
    Mayara
    Livros & Tal

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  12. Seu texto me lembrou perfeitamente o ambiente da época que estudava no ensino médio. Todas aqueles sensações de que o mundo iria me tragar, todas as decisões que pareciam ser para sempre, todos os sentimentos intensificados. Adorei o texto.
    Bjim!
    Tammy

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  13. Olá,

    "Até que um dia descobriu que já não estava tão contente em ficar bem sozinha e o tempo, a oportunidade e os olhos abertos de quem teve que moldar a si mesma de novo, pois assim somos, a levou a vários outros motivos para sorrir, em um caminho totalmente novo e bem vindo." Amei esse trecho! Na verdade, o texto todo tá muito bom, parabéns!
    Como tive uma adolescência mais "responsável" não aproveitei tanto e nem tive tanto tempo para sentir tanto. Mas, compreendo agora como é ser atacada por todos os lados por sentimentos.

    Beijos,
    entreoculoselivros.blogspot.com.br

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  14. Essa sensação de nostalgia é tão gostosa.
    E realmente a escola é uma fase e tanto da nossa vida.

    Ps. Odeio despertador <a href="http://paraisoliterario.com>Paraíso Literário</a>

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  15. Olá Thaise.
    Não sabia que você é colunista aqui.
    Ameiiiiii seu texto, ficou simplesmente maravilhoso, me sinto assim diversas vezes, me pego pensando em coisas que não vão voltar, coisas que eu disse e me arrependi e outros que me arrependi por não dizer.
    Agora o lance do despertador, não sei se faz parte apenas do texto ou se é verdade, mas eu também sou assim de colocar aqueles toques bem chatinhos e irritantes se não volto a dormir, mas sabado e domingo não tem despertador não kkkk

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  16. ola Thaise

    Parabéns lindona pelo texto, acredito que os tempos de colégio nos marcam muito, assim como passam muito rápido, levam amizades que não valem a pena e solidificam as verdadeiras esses " e se" da vida devem ser deixados de lado e começar uma nova história com nossas escolhas. beijos

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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  17. Oi Taise, bem legal seu texto.
    Gostei do seu estilo de narrativa e o tema abordado é bem nostálgico portanto é impossível não se sentir abraçado e se envolver com a narradora. Muito legal mesmo, parabéns!
    Abraços

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  18. Oie
    nossa, que nostalgia de lembrar quando me formei no colégio, foi bem louco pois eu já sabia o que queria fazer e não tinha ideia por onde começar, agora estou na faculdade mas sinto muita falta do colégio

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  19. Olá Thaise,

    Dá uma nostalgia pensar no colégio mesmo, embora eu sinta mais falta dos amigos do que da rotina e do local em si. Ainda assim, a universidade tem suprimido essa falta , adorei o texto, muito reflexivo.

    Abraços,
    Cá Entre Nós!

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  20. OLá, Thayse! Tudo bem?

    Fui lendo seu texto e lembrando, não só doas tempos de colégio, mas da própria graduação mesmo. Tantas coisas acontecem e acabam por moldar quem somos, o que queremos... Não é? Por isso sempre penso que não mudaria nada do que fiz, mesmo os erros. Cada coisinha me transformou no que sou hoje, e quando a gente olha no espelho e se sente feliz com o resultado.. Fica claro que tudo valeu a pena.

    Beijo

    Leitoras Inquietas

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  21. Ooi! Boa reflexão. Eu quando penso no tempo do colégio, reflito sobre a possibilidade de eu ter aberto os olhos mais cedo, para aproveitar mais as amizades que valiam a pena, sabe? Eu era muito fechada e sem paciência hahaha Não era muito legal com as pessoas. Mas, graças a Deus eu consegui abrir os olhos no final do ensino médio e aproveitei os últimos meses com as pessoas que só queriam me fazer rir e me conhecer melhor.
    Beeijos

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